quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mudanças no cardápio



A cultura moderna trouxe grandes transformações (e deformações) aos hábitos alimentares e nutricionais da dieta ocidental. Antes disso, as pessoas em geral seguiam normas alimentares comuns. Os estilos culinários variavam sensivelmente, mas quase todas as dietas do povo simples conservavam a vitalidade de sua gente. Isso se devia ao fato de que quase sempre os alimentos eram usados em seu estado natural e os produtos animais só eram consumidos esporadicamente.
 A alimentação básica se compunha de cereais (arroz, milho, trigo, centeio), que saciam e proporcionam energia.
• As imprescindíveis proteínas procediam dos grãos (feijões, grão-de-bico, lentilha) e, em medida muito menor, da pesca ou da caça, ou dos animais domésticos.
 Nos países quentes, as gorduras eram vegetais (óleos, frutos secos). Já nos países frios, predominavam as gorduras de origem animal.
 O consumo de hortaliças e frutas dependia da região e da estação do ano.
A primeira grande mudança nos hábitos alimentares ocorreu por ocasião do encontro entre Europa e América. Isso propiciou, a partir do século 16, um grande intercâmbio cultural, que incluía muitos produtos alimentícios.
Na Europa, por exemplo, a batata andina começou a ocupar boa parte do lugar que até então correspondia exclusivamente aos cereais, pois se conservava melhor e podia ser cultivada em todos os climas e solos. Assim, esse humilde, mas nutritivo tubérculo, permitiu que o velho continente se livrasse da terrível escassez da estação do inverno, endêmica nos países centro-europeus e nórdicos durante a Idade Média. Às três Américas, por sua vez, chegaram as aves domésticas européias, o trigo e a cevada, a uva e diversas árvores frutíferas.
Mais tarde, o progresso científico e tecnológico que seguiu-se à revolução industrial e à desenfreada concentração urbana, provocaram enormes mudanças socioeconômicas e culturais – e também de hábitos alimentares. Os rápidos e espetaculares avanços da química e outras ciências positivas no fim do século 19 e início do século 20, provocaram exagerada valorização dos alimentos refinados e das proteínas e gorduras animais.
Assim, a partir do século 20, na maior parte do chamado mundo ocidental, a alimentação passa a seguir estes parâmetros:
 A farinha refinada (pão branco, arroz branco, macarrão de sopa, confeitaria) torna-se a base da alimentação.
 As gorduras animais (toucinho ou manteiga) ocupam espaço na cozinha e na mesa.
 Sal, açúcar refinado e especiarias (mostarda, pimenta) são generosamente empregados.
 As verduras, hortaliças e frutas frescas são menos consumidas, pois não são consideradas “nutritivas”.
 Além disso, consome-se em grande quantidade todo tipo de confeitaria e doces concentrados.
 Um rosto corado e estar “bem gordo” – conseqüência de uma excessiva ingestão calórica – é considerado, na primeira metade do século passado, símbolo de “vitalidade e saúde”.
 E para piorar ainda mais, o homem converte-se em escravo de boa quantidade de estimulantes tóxicos (café, cigarro, cafeína, álcool e outras drogas), considerados símbolos de “libertação”.
Todas essas mudanças alimentares, à parte da variedade culinária e gastronômica que trouxeram, afetaram de maneira decisiva a saúde. Por seus efeitos sobre o corpo humano, comprovou-se que esse estilo de vida e de alimentação é antinatural e a principal causa de muitas das mais comuns doenças de graves conseqüências.
Com esses hábitos alimentares, pode-se dizer que, em geral, comemos demais o que não convém e muito pouco dos alimentos verdadeiramente saudáveis.
Ernst Schneider é médico e autor do livro “A Cura e a Saúde Pela Natureza”.
Assim se comia antes da Revolução Industrial
 Sem a pressa característica dos tempos atuais, o momento das refeições era quase um “ritual familiar”, com hora e local bem definido.
 As refeições eram preparadas por alguém da própria família, tornando-as, normalmente, mais saudáveis e mais saborosas.
 A dieta era rica em fibras.
 Os cereais, arroz, milho, aveia e centeio, eram a base da alimentação.
 O pão era feito com farinha de trigo integral.
 O arroz não era beneficiado, e conservava todos os seus nutrientes naturais.
 Sendo integrais, os alimentos eram também mais consistentes, forçando a mastigação.
 Comia-se pouca carne.
 Não havia açúcar refinado e o consumo de guloseimas doces era bem menor.
 Sem a química industrial que embute nos alimentos muito açúcar, sal, gorduras e conservantes, os alimentos em geral eram mais saudáveis.
Assim se come no século 21
 As farinhas integrais foram substituídas por farinhas refinadas e batatas.
 Há consumo excessivo de produtos cozidos ou elaborados industrialmente, em detrimento das hortaliças e frutas cruas e frescas.
 Predomina a comida macia e evitam-se os alimentos duros, que exigem boa mastigação e salivação.
 Cada vez se consomem mais produtos elaborados industrialmente, portanto, desnaturados, aos quais se acrescentam diversos componentes artificiais não nutritivos.
 Há excessiva ingestão de proteínas de origem animal.
 Em muitos lugares, a preferência ainda é pela gordura animal em vez de óleos vegetais.
 O consumo de sal comum de mesa é excessivo.
 É cada vez maior a tendência de se usar especiarias e produtos químicos conservantes, no lugar de ervas e condimentos aromáticos naturais.
 Geralmente, há suprimento insuficiente de vitaminas, enzimas, minerais, elementos fitoquímicos e clorofila.
 A dieta média é pobre em fibra.
[Fonte: Vida e Saúde Especial – Vegetarianismo, p.12 e 13]

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